quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Solidão


Vamos falar de solidão. Quem nunca sentiu esse troço esquisito, não é não? E quem nunca tentou afastar isso? Não saberia dizer de anos atrás, mas a percepção que tenho é que nessa nossa época rotulamos a solidão como algo extremamente negativo e buscamos a todo custo não sermos seres solitários. Nunca sentimos tanta inveja dos nossos coleguinhas e suas vidas cheias de companhia e felicidade. Todos possuem uma vida de comerciais de margarina. Ninguém arrota, nem tem dor de barriga, não passam nervoso, não ficam fedidos, professam um amor verdadeiro e recíproco, os pássaros cantam quando eles passam, não há céu nublado nem tormentas. Ninguém atrasa uma conta, não brigam com o filho nem torcem o pé.
Estamos falando aqui de existência que nem sempre é acompanhada, feliz e satisfeita. Bom nunca é acompanhada. A verdade é que somos seres solitários e individuais. O que você sente só você sente, mesmo que seja similar ao sentir do outro. Eu, de tão existencialista que sou, vou ao chão um montão de vezes. Qual foi o lixo que me esqueci de jogar fora? Quando estou uma porcaria não consigo escrever, meu filho não me suporta e minhas amigas... bom, minhas amigas continuam porque são as melhores. Entro na minha caverna e espero, sempre passa. Percebe que vem de dentro e não do mundo? Se encontre, leia alguns livros, ouça Belchior!
A solidão, de tão mal interpretada, virou fraqueza. Tudo isso só porque ela toca o terror na sua vida e te coloca de frente com você mesmo. Não seja intolerante com a solidão, ela não é e nunca será uma inimiga. Sei que existem algumas solidões que machucam pra burro e tiram o significado de muita coisa, mas se isso não for uma patologia, dê as mãos para ela e se descubra. Aos onze anos eu descobri a solidão compartilhada, quando sentar-se a mesa para dividir as refeições já não fazia mais sentido. Essa era uma solidão específica. Arrisco-me a dizer que algumas solidões têm nome, sobrenome e CPF.  Aos vinte e cinco anos descobri a solidão de mim mesma, quando já não me amava mais, não me pertencia e o cinza estava na alma. Com muita droga na cabeça (lícitas crianças) e muito blá, blá, blá (terapia crianças) eu me vi e renasci.  O que não tem remédio... A gente aceita ou supera ou modifica!
Aprendemos um montão de coisas com isso inclusive a força de continuar.  Então se você está pensando em desistir, repense e volte a repensar. Vale a pena atravessar todo esse lodo. Todo mundo tem uma historinha pra contar e acreditem, elas não são tão belas como imaginamos. Inferno existe de monte por aí e ele está dentro de nós. A notícia boa é que o paraíso também existe: encontre-o.