quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Não chegue na hora marcada...

Levante a mão quem já teve que dizer adeus!
Eu sei, doeu né?! Aqui também.
Inevitavelmente a vida, ou a morte, tiram da gente o que querem sem ao menos pedir permissão. Ainda bem! Penso que se não fosse assim eu seria colecionadora de nadas. Enfim... Essa é a dinâmica da vida.
Foi embora uma carreira, o homem da sua vida, a viagem dos sonhos, o dinheiro, o cachorro, a estabilidade de um lar, a Nona, o Pai e até nossas referências de vida. 
Ouvi recentemente: não é porque você está sofrendo que o mundo irá parar. Ainda bem que não parou, do contrário ainda estaria presa em situações que já não mais podiam continuar e perderia muito mais. Viva a vida!
Alguns adeuses eu escolhi, mas nem por isso eu sofri menos. Outros eu fui obrigada a engolir e não tive nem se quer um pãozinho como acompanhamento, foi a seco mesmo.
A verdade é nua, crua e nem sempre generosa. Ainda assim é a minha predileta.
Para uns eu devo pedir perdão, para outros peço paciência enquanto exercito a minha capacidade de perdoar. Estou aprendendo que nem tudo tem explicação. Aceitar para doer menos... Eis meu novo mantra.
Heidegger diz que o homem é um ser-para-a-morte visando sua plenitude no fim da existência. De forma simplista interpreto essa morte como as perdas significativas. Vivemos com a facticidade como companheira, ela pega nossos rostinhos e esfrega no asfalto quente mostrando que, apesar de sermos donos de nossas vidas, não estamos no controle de tudo. Aí eu pergunto: e quem gostaria de ter o peso desse controle absoluto?

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Não sei se devo criticar

Joguei uma pedra n'água
De pesada foi ao fundo.
Os peixinhos lá gritavam
Viva Dom Pedro Segundo!

Pedro Segundo, que segundo a história pouco conta
Escravagista e imperialista da Família de Bragança
Manteve com a Inglaterra toda a sua aliança

Fazendo-se oligarca do egoísmo e da herança
Achar-se dono de todas as terras, dos negros e dos tupis
Na história monta imagem benevolente e altruísta
E põe-lhes a corda no pescoço lá no Riachuelo e no Tuiuti

Da família do poder, pouco a se alegrar
Da princesa que libertas, veio apenas
Um indulto para esperar

Christiano Bueno

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Corra Lola! Corra!

Ah, mundo!! Ele exige que sejamos uma fortaleza, um poço de certeza e um compêndio de realizações. Todo dia uma batalha. Não lhe darei falsas esperanças, isso não vai mudar.
Agora vamos atravessar o espelho e falar de coisas aparentemente não tão positivas... Aparentemente.
Como por exemplo, aqueles momentos em que queremos fugir, quando nossas pernas querem apenas correr. Para essas situações eu tenho um conselho: Fuja! Corra! Se esconda!
Busque seu cantinho, que seja em baixo da pia ou na cama quentinha. Vá comprar cigarros, chocolates ou um lápis, vá e demore um pouco mais para voltar. A poeira vai baixar e todas as cores voltam depois da tempestade.
Não há nada de errado em se esconder. Às vezes o meu monstro é muito maior que eu, mas e daí? Só preciso de um tempo para remendar minha coragem. Há coisas que não conseguimos encarar e não somos menos dignos por conta disso. O que você não tem, você não precisa agora.
Suas certezas te abandonaram? Talvez vocês não sejam mais uma boa companhia uma para outra, deixe-as partir. Talvez seja a hora de tirar a fantasia de Sísifo e parar de fazer coisas que não levam a nada, não mais.
Minhas incertezas são as minhas orações e há virtude nelas, há luz. Elas mudam minhas lentes, meus pontos de vista e minha pele. Como é bom trocar a pele! E quando não, de repente, você se vê na estrada sem nenhum destino? Sem objetivos? A inércia programada (expressão que inventei agora) te oferece a oportunidade de avaliar as possibilidades. Não aquelas que você perdeu. Essas são mortas, esqueça. Seria um desperdício de tempo e neurônios. Poupe-os. Mas, caso tenha uma segunda chance, então agradeça. O importante é manter a calma, não se lance ao abismo. Qual foi o contrato que assinamos no ventre de nossas mães que, assim que lançados no mundo, teríamos certeza de tudo? A vida te oferece respostas. Mesmo que você não saiba, você ainda pode sentir. Se não conseguir sentir, espere... Apenas espere.