As noites perfeitas começam devagar e só acabam no começar de um novo dia.
São nelas que se adormece de cansaço, mas de músculos relaxados. Leve, o corpo flutua...
Noites perfeitas são doloridas, ferem corpos, ferem almas... São feridas desejadas, só quem tem pode entender...
Noites perfeitas são famintas, canibais, surrealistas... Nelas morde-se, aranha-se e come-se... o outro e até mesmo você.
São de sede insaciável, não há líquido que baste... O que exala é o que se insere... Nenhum deles permanece... Apenas o do outro em você...
São de frio e de calor intenso... E sem previsão de tempo... O calor te arrepia, e o frio faz arder...
Nas noites perfeitas são despidos corpo e alma, tiram roupas, tiram máscaras...
São repletas de palavras, das mais lindas às vulgares, que se quer ou não ouvir...
As noites perfeitas são metáforas, sinestésicas e paradoxais:
O que é é outra coisa...
Os sentidos se misturam, se completam, se anulam...
Os gemidos são olhares, os olhares são palpáveis, os toques são gritos e os gritos têm cheiros... Cheiros que só sentem os que se tocam...
Noites perfeitas são e jamais poderão ser tudo que se precisa ter.