terça-feira, 6 de novembro de 2018

Bailarina

Olhos nos olhos me prendem
Quero voar no teu olhar, me entende...
Quero dançar como a bailarina:
pés machucados da caminhada, 
corpo leve das conquistas...
Me dê a mão, às vezes me desequilibro... 

Danço enquanto uma plateia me atira
qualquer coisa que possa me ferir
E quase ninguém que dança comigo
me entrega rosas sem espinhos...
Eu não chamei ninguém para assistir,
chamei você para dançar...
Mas eu entendo: é poético ver a bailarina
sangrando e girando... Respingos...
Tento continuar...

Tantos passos ainda novos
e os velhos que não domino...
Eu danço só... Me dê a mão... Desequilibro...
Vem um vento forte, me empurra...
Voou... Vou...
O vento para... Caio... A chuva me molha...
Os passos escorregam, as roupas pesam, me desvisto...
E me revisto de mim... Danço...
Até que um dia esse espírito me deixe...
Não serei eu, não precisará me dar a mão...
Espírito que voa com o corpo ao chão
Olha que linda, a bailarina na caixinha...
Não sou eu.

Vanuza Alves